Mas quando se fala em prática, em primeiro lugar é importante lembrar que em algumas vertentes o trauma pode ser encarado como uma doença e essa ideia transmite a necessidade de que o trauma pode ser tanto evitado através de medidas de prevenção, como tratado, para evitar a morte em decorrência de situações de maior gravidade.
Segundo as estatísticas mais atuais, as principais causas de morte em situações de trauma são:
• Hipotermia
• Hipoxia
• Lesões crânio encefálicas
• Hemorragias internas.
Isso porque, vale lembrar, o atendimento inicial ao politraumatizado salva o paciente em primeiro momento, mas se esse atendimento for realizado de modo irregular ou muito precário, pode haver complicações futuras capazes de levar o paciente a morte.
Por isso, o atendimento é feito essencialmente em duas etapas. A primeira, o atendimento primário, que visa causar a estabilidade do paciente,e em seguida a avaliação secundária, que avalia e investiga o quadro mais profundamente, quando o paciente já pode ser considerado fora de risco imediato de vida.
O ABCDE do Trauma
Hora de falar do ITLS, um documento criado para possuir uma linguagem universal que unifique as formas de desenvolver o atendimento ao politraumatizado com qualidade.
Criado na década de oitenta e com a finalidade de estabelecer parâmetros para as prioridades a serem tratadas em ocasião de trauma, o ITLS se baseia nas estatísticas de morte para entender quais aspectos do trauma precisam ser observados primeiro, com o objetivo de salvar o paciente. Assim, as causas mais graves devem receber atenção antes das que menos matam, e dessa forma, o sistema de ação recomendado é embasado no modelo conhecido como protocolo ABCDE.
Atendimento ao politraumatizado por ordem de gravidade
O que confere tanta importância ao ABCDE é que esse protocolo estimula a redução da taxa de mortalidade na primeira hora, porque trata primeiro as causas que são mais graves e assim, no atendimento, é importante que tanto o diagnóstico quanto o tratamento possam estar acontecendo de modo simultâneo já que isso agiliza ainda mais o procedimento, mas demanda uma equipe de profissionais mais bem treinados e organizados. A seguir, saiba quais são as etapas do ABCDE.
• A -Avaliação das vias aéreas do paciente, bem como a proteção da coluna cervical
Pergunte o nome do paciente dando apoio a cabeça. Se houver resposta, peça informações sobre o que aconteceu.
Isso é importante para saber se o paciente tem respostas coerentes. Atenção para sinais de obstrução na via aérea, como a rouquidão, por exemplo. Com essa avaliação fica mais fácil entender se o paciente está respirando normalmente. Pode ser necessário oferecer oxigênio e nessa fase pode ocorrer a intubação orotraqueal, crico ou traqueostomia desde que haja essa indicação.
Mas atenção, antes de posicionar o colar cervical, lembre-se de sempre avaliar o pescoço adequadamente.
• B -Respiração, ventilação e oxigenação
Após concluir a primeira parte do atendimento, é hora de realizar a avaliação do tórax, com a finalidade de descartar hipóteses que representem maior risco a vida nessa etapa. Diagnósticos como Pneumotórax aberto ou tórax instável, entre outros, podem ser reconhecidos nesse momento através da análise do padrão respiratório em qualidade e profundidade.
• C – Circulação. Parada de sangramento
Nessa etapa é importante dar atenção a possíveis sangramentos com o objetivo de fazê-lo parar. Caso suspeite de hemorragia interna, observe a pele do paciente, que pode estar pálida, a respiração pode estar acelerada e também pode ocorrer aparente confusão mental.
• D – Atenção ao estado neurológico
Para entender o estado neurológico do paciente, o profissional de saúde precisa estar apto a realizar o exame conhecido como Glasgow.
O Glasgow é uma técnica que avalia a resposta motora, ocular e verbal. A escala varia entre 3 e 15 pontos e estabelece o diagnóstico de resposta desse paciente.
• E – Exposição do paciente e proteção contra a hipotermia.
Esta fase trata da inspeção do paciente que deve estar mobilizado em bloco. Nesta hora procura-se novas lesões, além de cuidar para evitar hipotermia através de medidas como cobrir o paciente, tirar roupas umedecidas ou desativar o ar condicionado, por exemplo.
O atendimento posterior
Ao final da avaliação primaria, realiza-se a avaliação secundária, que só deve acontecer quando o paciente for estabilizado, dentro do ambiente hospitalar ou durante o transporte para o hospital.
• Passado médico.
• Alergias e alimentos ingeridos.
• Reavalia-se o Glasgow.
• Exames como tomografia.
• Histórico do evento do trauma.
Caso haja necessidade de remoção do paciente, o evento não pode ser adiado por causa de espera de exames médicos. O tratamento definitivo deve ser no hospital mais apropriado e mais próximo possível e é claro, o quanto antes.
Trabalho organizado trabalho de equipe
Mas um bom atendimento ao politraumatizado também depende do bom funcionamento da equipe de saúde. Isso porque a agilidade é capaz de possibilitar um melhor prognóstico, mas para atender com agilidade, a equipe precisa estar pronta para realizar um trabalho quase coreografado.
O atendimento padronizado e bem organizado poupa tempo valioso e evita que aconteçam erros. Para se preparar e esclarecer todas as dúvidas sobre o assunto, entre em contato com os nossos profissionais e siga a nossa plataforma para ficar por dentro de tudo o que há de mais importante no atendimento e socorro de emergencial.
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